A resenha de hoje foi feita por um convidado... que é o objetivo desta coluna do blog, e o convidado de hoje foi convidado pela Aninha, do IcultGen, o Adilson é colaborador no iCultGen e como a Ana e o Alonso estão mega lotado de trabalhos eles não conseguiram fazer a resenha do livro 'O Espião' que eu tinha enviado para eles.
eResenha
do livro O ESPIÃO, de Clive Cussler e Justin Scott
A primeira coisa que me chamou a
atenção na série de livros da dupla Clive Cussler e Justin Scott é a arte de
capa das obras, portadora de um elegante toque vintage que se faz notar em
qualquer estante. A segunda é o bom preço que não comprometeu em nada o
acabamento da obra - carreguei o livro para todos os lugares que ia, durante
uma semana inteira nas mãos, pois eu lia sempre na ida para o trabalho e no
retorno para casa, e ele resistiu sem um sinal de desgaste. Uma deliciosa
leitura, por sinal.
A história se dá em 1908, começando em
Washington, D.C. e passando por Nova York, Chigago e outras cidades
estadunidenses. A narrativa começa com a morte de um artilheiro chamado Arthur
Langner, um dos responsáveis pelo aperfeiçoamento de um projeto secreto que
visa desenvolver navios de guerra mais resistentes e belicamente abastecidos
para a frota norte-americana. A autoridade naval toma a morte do oficial por
suicidio. Inconformada, a filha do artilheiro resolve procurar a Agência de
Detetives Van Dor e contrata o detetive Isaac Bell para acompanhar
paralelamente o caso, na esperança de descobrir algo que os investigadores
oficiais ignoraram. Logo, o detetive se vê às voltas com um perigoso caso de espionagem
industrial que pode lhe custar a própria vida.
A trama envolve a tentativa de
sabotagem no desenvolvimento dos Dreadnoughts da Marinha norte-americana que
possuia, à época, uma frota de navios de guerra atrasados tecnologicamente –
desenvolviam pouca velocidade e resistência a bombardeios, aliados a imprecisão
da artilharia. Apesar de um tanto linear e sem reviravoltas geniais, a
narrativa descortina personagens bem desenvolvidos – membros de gangsters de
Nova York, sabotadores alemães, chineses, japoneses e uma lista de candidatos
ao Espião do título. A elegância dos diálogos e as várias sequências de ação da
história conseguem prender a atenção até o final. Responsável pela orquestração
de uma verdadeira sucessão de assassinatos, os estranhos e perspicazes métodos
do Espião põe à prova as habilidades de Isaac Bell, que se vê diante de um
inimigo manipulador e cruel. Numa das sequências, nosso detetive se encontra
num trem, perseguindo o escorregadio vilão, seguindo uma pista em direção à
Chicago. Ele instintivamente sabe que o Espião se encontra ali, em trânsito, e
interage com todos os suspeitos procurando sinais que denunciem o convicto.
Alguns trechos dos pensamentos do próprio vilão nos fazem saber o momento exato
em que ele consegue despistar o detetive. Essa sequência é escrita de maneira a
confundir a mente do próprio leitor - que a essa altura já tem quase a certeza
de quem ele é, ou era - e se trata, na minha opinião, de uma das passagens mais
legais do livro. A partir daí passamos a ter as mesmas incertezas de Bell,
sendo levados a compartilhar do seu ponto de vista (tamanha a engenhosidade dos
autores) ainda que por pouco tempo, pois a trama já se encaminha para as
revelações e o desfecho.
É digno de nota a reconstituição de
época e algumas expressões técnicas da indústria naval, que não chegam a cansar
o leitor e contribuem para a atmosfera realista da trama. O aprimoramento dos
navios de guerra da Marinha norte-americana, na primeira década do século XX,
representava uma corrida contra o tempo, já que era considerada a iminência de
uma guerra entre as principais potências daquele período (que acabou tendo
início na primeira metade da década seguinte, mas sem o envolvimento direto dos
EUA). As instalações de desenvolvimento das novas tecnologias eram alvo de
espionagem industrial e sabotagem (ainda o são, não obstante os modernos
mecanismos de segurança) e o preço das informações dos projetos de escopo
militar valiam pequenas fortunas em meio à corrida armamentista. Cheguei mesmo
a me perguntar se alguns personagens e acontecimentos, como a morte 'acidental'
de algumas figuras importantes da trama, não teriam realmente contexto
histórico.
A série de aventuras do detetive Isaac
Bell conta com 6 publicações lá fora (a última, de 2013), sendo que 2 delas, A
Caçada e O espião (aqui resenhado) vem sendo publicados no Brasil pela Editora
Novo Conceito. Que venham os outros livros do pomposo detetive.
Clive Cussler começou a escrever em
1965 e já publicou mais de 50 livros. Cussler é também explorador submarino e
caçador de embarcações históricas naufragadas, tendo escrito dois famosos
livros sobre suas pesquisas e descobertas nesse campo - The Sea Hunters:True
Adventures With Famous Shipwrecks, de 1996 e Sea Hunters II: Diving the
World's Seas for Famous Shipwrecks, de 2002 -, ainda não publicados no
Brasil.
Justin Scott é autor de 24 romances e
criador de um detetive chamado Ben Abbot e assina algumas de suas obras com o
pseudônimo de Paul Garrison.
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Abaixo, alguns trechos do livro:
Yamamoto esgueirou-se para trás da
cerca viva e correu. O vigia embrenhou-se por entre os arbustos da cerca e, à
medida que lutava para se desenroscar, urrava como um touro. Yamamoto ouviu os
gritos de resopsta a distância. Mudando de caminho, correu ao longo do muro
alto. Quando se preparava para a “visita”, ele descobrira que a latura do muro
fora aumentada depois da invasão de alguns saqueadores, quando o Arsenal fora
inundado pelo Rio Potomac. Contava com o dobro do tamanho original. (…) Ainda
podia ouvir os gritos atrás do muro. A rua que passava abaixo seguia deserta
para a cidade. Ele saltou, amortecendo a queda com os joelhos flexionados.
Embaixo, as duas mulheres atraíam as atenções masculinas ao cruzar o
saguão de mármore e acabamentos dourados do Willard. A mais jovem, uma rauiva
esguia de 18 ou 19 anos, elegantemente vestida, trazia um blilho animado nos
olhos. A companheira, uma beldade alta de cabelos negros, seguia sóbria no
traje escuro de luto, o chapéu adornado com penas pretas de gaivota, o rosto
parcialmente velado. A ruiva caminhava ao seu lado, de braço dado, como se para
lhe dar coragem.
O alemão olhou para trás. As chamas
elevavam-se no céu noturno. Os edifícios ao redor do alto-forno desmoronavam em
ruínas. As paredes desabavam, os tetos despencavam e, por todo lado, só se via
fogo.
Ele praguejou em voz alta, espantado
com a destruição imensa que provocara.
Bell tinha memória fotográfica. Em uma
fração de segundos, retornou mentalmente ao escritório de Arthur Langner. Viu
as estantes alinhadas com os volumes encadernados dos requerimentos de patentes
de Langner. Precisara abrir vários para encontrar uma amostra para fotografar.
Os anteriores a 1885 haviam sido preenchidos à mão. Os mais recentes estavam
datilografados.
O Locomobile fora construido para as
pistas de corrida e detinha muitos recordes. Os para-choques e os faróis, equipamentos
da fábrica para a direção na cidade, não o domesticavam. Nas mãos de um homem
com nervos de aço, paixão pela velocidade e reflexos de um gato, o grande motor
de 16 litros permitia uma velocidade fantástica nas estradas vicinais de New
Jersey, e ele se projetava através das cidades modorrentas com um meteoro.
3 Dreadnoughts!
Eu li essa semana A Caçada, o último livro publicado do autor pela Novo Conceito, e eu adorei a história! Fiquei curiosa com esse livro, assim que tiver uma oportunidade vou comprar!!
ResponderExcluirUm beijo.
Garota do Livro | Livros e Derivados.
A Caçada está na minha lista de leituras. Deve ser muito bom também. Acho que vai gostar de O Espião. Abraços!
ResponderExcluirEsse livro parece ser interessantíssimo e todas as resenhas que li sobre ele foram positivas.
ResponderExcluirA capa é realmente bonita e rica em detalhes.
Tenho bastante vontade de lê-lo.
Sua resenha esta maravilhosa! A vontade aumentou ainda mais...
Beijos
Obrigado, Ludmila! É sempre bom fomentar a curiosidade para a leitura de um bons livros. Abraços!!
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